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Falcão critica 'ditadura', deixa seleção e diz que companheiros vão segui-lo
Por SporTV –São Paulo
A guerra está declarada. Após confirmar que não defenderá mais a seleção brasileira, Falcão, bicampeão mundial e quatro vezes melhor jogador do mundo no futsal, explicou no “Arena SporTV” os motivos de sua decisão. O jogador fez duras críticas à Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e disse haver uma ditadura na entidade. Triste, Falcão ainda destacou que outros jogadores de sua geração estão ao seu lado, e que se manifestarão em seguida à sua declaração.

futsal (Foto: Luciano Bergamaschi / CBFS)
O camisa 12 montou um dossiê a respeito da atual gestão da CBFS, e no “Arena” contou alguns problemas com os quais conviveu nos últimos tempos. Ele ainda promete que, se o dinheiro que diz não ter recebido da entidade chegar, ele será doado a instituições de caridade. Falcão não quer nenhum centavo da CBFS.
– A gente espera que o futsal vá para mãos certas, que tenham pessoas focadas no esporte, não em tornar uma ditadura, que é o que vem acontecendo. Chegou ao ponto de a gente concentrar no centro de treinamento em Fortaleza e não ter TV no quarto e nem internet, porque não tinham pago as contas. Ficamos praticamente como prisioneiros. Já deixei claro que não quero mais um centavo da CBFS. O que vier, se um dia vier, vou direcionar para uma entidade, não quero mais nada que venha de lá, é uma falta de respeito muito grande.
Apesar da decisão de não jogar mais pela seleção, Falcão não descarta um retorno, obviamente que apenas se outra diretoria estiver à frente. Ele ainda cita o episódio ocorrido no Mundial de 2012, quando jogou mesmo após ter sofrido um AVC.
– Daqui a pouco os outros jogadores vão postar algumas coisas em relação a isso, e a gente quer o bem para o esporte. Minha carreira na seleção talvez tenha acabado, embora outra diretoria, se precisar de mim, estou à disposição. Mas da forma que está hoje não faço questão de ir, não tenho mais prazer de ir, muitos não têm. Então, a nossa intenção é começar uma briga para que tenham pessoas competentes lá dentro. Cheguei a jogar um Mundial com AVC, com um lado (do rosto) paralisado, assumi a responsabilidade e nem um “muito obrigado” recebi. É muita frieza, muita coisa contrária aos atletas. É triste, estou tirando um prazer da minha vida que é vestir a camisa da seleção brasileira, mas preciso tomar uma atitude para as coisas mudem de alguma forma no futsal – afirmou.
Falcão também deixou claro que segue jogando em seu clube, o Sorocaba, time que defende desde o início deste ano. Indagado sobre o responsável por essa gestão, o jogador aponta o diretor de seleções Edson Nogueira, a quem faz duras acusações.
– Tem algumas coisas que não concordo e não aceito, porque depois disso virou uma ditadura. É o mesmo diretor que levou o Santa Cruz para a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, é um diretoria autoritária. O nome dele é Edson Nogueira. Teve ocasiões em que fomos ameaçados sim de não vestir mais a camisa da seleção se não fosse da forma dele. Quando fui questionar a falta de TV e internet no CT, ele disse: “não tem e é assim”. A seleção deixou de ser brasileira, virou seleção Edson Nogueira. Teve uma homenagem ao goleiro Mateus – nada contra ele – que jogou uma semana na seleção em um torneio em 1997, e porque é amigo dele. Acho ótimo a homenagem, mas questionei: cadê a homenagem do Manoel Tobias, do Fininho, Choco, Douglas, Vander, Leninho, Schumacher, por que só com o cara que é amigo? O que o ajuda vale, o que não ajuda não vale. Sempre que a comissão técnica vai fazer uma convocação – nada contra ela, adoro o Ney Pereira – já se coloca na mesa seis ou sete nomes que não podem ser convocados. Assim como tem acontecido com a Vanessa no futebol feminino, que fez uma postagem no ano passado em que achava um absurdo a seleção feminina não ir para o Mundial, e ela foi afastada e até agora não recebeu o que é de seu direito. A coisa está afundando. Graças a Deus não dependo mais disso, agradeço muito ao meu esporte, mas estamos pensando na geração que está vindo e na sequência do futsal.

(Foto: Cristiano Borges / CBFS)
Através da produção do “Arena SporTV”, Edson Nogueira disse que vai esperar um posicionamento oficial da Confederação Brasileira de Futsal, que respeita a opinião de Falcão, mas não concorda com ela. O jogador ainda citou a ausência do goleiro Tiago na equipe brasileira como outro absurdo da atual gestão.
– O Tiago, melhor goleiro do mundo e bicampeão do mundo, simplesmente questionou um trabalho do preparador de goleiro, que era um amigo do Edson Nogueira, e disse que havia outras pessoas que podiam ajudar mais, numa boa. Depois disso, ele não foi mais (para a seleção). A seleção brasileira hoje começa pelo Tiago, e ele não está indo, e tem mais um Mundial pela frente. Eu não jogo mais o Mundial, já deixei claro que quero ficar com a história do último, mas não aceito o futsal perder porque o cara achou que ele não devia ter falado uma coisa com a maior educação do mundo, não aceito isso.