Corrida de São Silvestre
História Completa da Corrida de São Silvestre
Cásper Líbero, um jornalista e advogado paulista milionário que fez fortuna no início do século XX no setor de imprensa, fez uma viagem a Paris e de lá voltou maravilhado com uma corrida realizada à noite, em que os corredores carregavam tochas ao longo do percurso.Entusiasta do esporte e decidido a promover algo semelhante no Brasil, criou uma corrida noturna a ser realizada no último dia do ano de 1925. Estava fundada a Corrida de São Silvestre, que recebeu esse nome em homenagem ao santo do dia.
Em sua primeira edição, de 60 inscritos 48 compareceram para disputar a prova e apenas 37 foram oficialmente classificados, já que as regras exigiam que todos os corredores cruzassem a linha de chegada no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor. O primeiro vencedor foi o jogador de futebol Alfredo Gomes, que completou os 8,8 km do percurso em 33:21.[6] Inicialmente aceitando apenas a participação de brasileiros natos, nos anos seguintes a inscrição foi permitida a estrangeiros morando no Brasil, o que permitiu ao italiano Heitor Blasi, radicado em São Paulo, ser convidado a disputá-la e vencer duas das primeiras edições da prova, em 1927 e 1929.[5] Sem grande experiência na organização deste tipo de evento, as primeiras edições impediam os corredores de beberem qualquer tipo de líquido durante a prova, e os atletas muitas vezes nela competiam com os próprios sapatos que usavam para treino no dia a dia e roupas que acumulavam suor.[5]
Ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de realizar-se, nem mesmo durante a Revolução Constitucionalista de 1932 ou a Segunda Guerra Mundial.
A partir de 1945, com o fim da guerra, ela passou a contar com a participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países daAmérica do Sul. O sucesso das duas primeiras edições internacionais, no entanto, levou os organizadores a permitirem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947. Este ano marcou o início de período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando o garçom pernambucano José João da Silva venceu a edição de 1980, feito que repetiria em 1985.

A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano.O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira mulher a vencê-lo foi a alemã-ocidental Christa Vahlensieck, o que fez duas vezes seguidas. A primeira vitória brasileira ocorreria somente vinte anos depois, quando a brasiliense Carmem de Oliveira venceu em 1995.
Além de Tergat e Rosa Mota, outros grandes campeões na história da São Silvestre são o belga Gaston Roelants, recordista mundial e campeão olímpico dos 3.000 m c/ obstáculos em Tóquio 1964 e o equatoriano Rolando Vera, os dois quatro vezes vencedores da prova, sendo Vera o único a vencê-la por quatro vezes consecutivas entre os homens, nos anos 1980. A queniana Lydia Cheromei a venceu três vezes entre 1999 e 2004.
Já famosa em toda a América Latina e na Europa desde 1953, quando a presença e a vitória do multicampeão olímpico tcheco Emil Zatopeka transformou num evento realmente internacional de ponta,em 1970 a São Silvestre começou a chamar a atenção da imprensa especializada dos Estados Unidos, quando o norte-americano Frank Shorter, futuro campeão olímpico da maratona em Munique 1972, veio ao Brasil e a venceu. A vitória de Shorter provocou uma posterior invasão de corredores americanos na prova, que veria Dana Slater ser bicampeã entre as mulheres em 1978–79 e o fundista Herb Lindsay vencê-la em 1979, ano em que a vitória no masculino e no feminino pertenceu aos Estados Unidos, feito nunca mais repetido.[8] O Brasil repetiria o mesmo feito na edição de 2006, com a vitória de Franck Caldeira no masculino e Lucélia Peres no feminino.
Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23:30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento. O objetivo era cumprir as determinações da Federação Internacional de Atletismo – IAAF. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km em 1991, o mínimo exigido pelas regras da Federação. Em 1989, a São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da IAAF.

Milhares de corredores anônimos cruzam a linha de chegada da 87ªSS em 2011.
Em 2011, pela primeira vez desde sua criação, a São Silvestre teve o tradicional local de chegada alterado. Ao invés da Avenida Paulista, ela passou a ser no Parque do Ibirapuera. A modificação viu a queniana Priscah Jeptoo, vice-campeã olímpica da maratona em Londres 2012, vencer a prova feminina em 48:48, recorde e a primeira vez que uma mulher completou os 15 km da São Silvestre em menos de 50 minutos.Esta edição também assistiu a uma das maiores tragédias da história da corrida, com a morte do atleta paraolímpico Israel Cruz de Barros, que, disputando a divisão de cadeira de rodas, perdeu o controle na descida da Rua Major Natanael, de acentuado declive, e chocou-se com o muro em volta do Estádio do Pacaembu, morrendo no hospital.
Crescendo e sendo prestigiada através dos anos não apenas por atletas de elite mas também pelos corredores amadores, os números da São Silvestre fazem dela a maior corrida de massas da América do Sul, também em quantidade. Os 48 participantes da edição inicial em 1925 transformaram-se em cerca de 2 mil ainda no fim da década de 50, mais de 10 mil por edição nos anos 80, até alcançar um recorde de cerca de 25 mil participantes na edição de 2011.
Além do prestígio nacional e internacional, financeiramente a São Silvestre também compensa para seus campeões: em 2013, o vencedor recebeu R$60 mil (US$30 mil), o segundo colocado R$35 mil (US$17 mil) e o terceiro colocado R$20 mil (US$10 mil).
Vencedores em 89 Anos de São Silvestre
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrida_Internacional_de_S%C3%A3o_Silvestre